O que consideramos como vitória humana? Onde está o real sentido da vida?! Vivemos no mundo do faz-de-conta? Permitimos que a intensidade de sentimentos múltiplos habitem em nós? Ou o medo, o receio, e a dúvida acabam nos vencendo? A luz que tanto necessitamos está distante ou não nos permitimos ser encontrados por ela? E a beleza divina que insiste em fazer morada em nós, aonde colocamos?! Onde se encontra o amor, a alegria? Acomodamo-nos a viver a superficialidade dos sentimentos. Estranho, mas preferimos o morno, o frio, o vazio, o talvez. O que fazemos com os sonhos que nos impulsionam? E os desejos que gritam em nossos corações e clamam por concretização, por quê não ouvimos? Perdemos o instante mágico simplesmente por medo de tentar, por medo de perder, de sofrer. Qual está sendo a nossa vitória nesses últimos dias? Não, eu não quero mais essa vida leviana. Queira isso também! Preciso buscar, preciso alcançar, algo em mim fala: Siga em Frente! Contenho infinitos dentro de mim e eles não podem ser submetidos a uma vida irrelevante. Tudo em mim move, nada em mim pára. Não posso sufocar os meus sentimentos. Por isso prefiro o ousado, o arriscado, o intenso. Prefira também! O tempo é fugas, e passa, ah como passa! Uso as palavras de Clarice para que juntos possamos refletir:
Camila Almeida
"...Olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceito o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos. Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer a sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gaffe. Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingénuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer «pelo menos não fui tolo» e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.
Clarice Lispector.
6 comentários:
Ah, a sabedoria intuitiva de Clarice!
Beijo :)
Flutuei até aqui para...
agradecer...
a sua presença...
em meu Nat King Cole...
Beijos...musicais...
Leca
Ótimo post, adorei, muito bem escolhido.
Reflexão é tudo..
Beijão.
Clarice Lispector é demais!
Esse texto é maravilhoso, emocionei lendo ele!
Beijos e otima semana pra ti!
Reflexões, reflexões, reflexões...
O próprio ato, mesmo sem respostas exatas, já me deixa em um estado mais vivo do que não olhar para as coisas...
Bjs.
Clarisse Lispector também me entenderia.. auhau. Lindo o texto Camilola! *-*
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